O ano de 2021 mal começou e tenho a impressão de que o mundo está mais veloz e complexo que nunca. O que a pandemia acelerou em 2020 em termos de transformações parece ganhar ainda mais complexidade, ambiguidade e velocidade com novas variáveis como as vacinas (e o movimento antivacinas), as novas variantes do coronavírus e o colapso do sistema de saúde. Ironicamente, parece que o ano novo já começou em janeiro mesmo, antes do carnaval.
Para transitar com tranquilidade em 2021, ouço muita gente falar sobre confiança. Afinal, confiando no processo, tudo dará certo no final. E assim confiamos em Deus, na vida, no Universo ou na tia do grupo de WhatsApp da família que mandou um artigo sobre um grupo de pessoas que vai salvar a humanidade por meio de um plano infalível: “Não sabemos de todos os detalhes mas confie no plano.”
Por muito tempo achei que confiar no processo era 50% do sucesso. Confiança (ou autoconfiança) é algo que nos faz ir pra frente, mesmo sem conhecer todas as variáveis. Confiar é ter fé, buscar a saída de uma sala completamente escura acreditando que irá encontrá-la. Ou seja a confiança depende de uma crença. Da crença que alguém ou alguma entidade com mais consciência vai te guiar para o sucesso.
Porém existe algo que vai além da confiança e da crença que é a clareza. Se em vez da crença de que vou encontrar a saída, tiver clareza de onde ela está e onde estão os obstáculos, não preciso de confiança. Se confiar no processo te dá 50% de chances de sucesso, tenha clareza e não falhará nunca.
Neste sentido, talvez a habilidade mais importante de liderança que devemos desenvolver para liderar as mudanças que queremos no mundo é a clareza. Frederic Laloux, autor do livro Reinventando as Organizações, afirma que as organizações do próximo nível de desenvolvimento humano aprenderão a trabalhar no modo perceber-e-responder em vez de prever-e-controlar. Perceber com clareza do que o mundo precisa e responder de forma criativa (e não reativa) a partir de um lugar de estabilidade é a melhor estratégia para lidar cenários complexos como a gestão de crises.
Muitos gestores e líderes já aprenderam a lidar com as incertezas, usando ferramentas de gestão ágil, respondendo à medida que os desafios vão chegando mas poderiam ser muito mais eficazes se pudessem desenvolver mais os mecanismos de percepção para tomar melhores decisões.
O que é clareza e como desenvolvê-la?
Apesar dos nossos órgãos sensoriais serem feitos para captar estímulos externos, toda e qualquer experiência acontece dentro de nós. Uma experiência visual pode ser completamente diferente para duas pessoas de acordo com o observador.
Vamos fazer uma experiência? Peça para um(a) amigo(a) olhar a figura abaixo e descrever o que vê. Algumas pessoas dirão que vêem uma mulher jovem e outras, uma mulher idosa e ambas respostas são verdadeiras.
O que você vê nesta imagem? Uma mulher jovem ou idosa?
Paradoxalmente, o caminho da clareza não tem a ver com aguçar os órgãos do sentidos mas sim trabalhar internamente de forma que nossas flutuações mentais, viéses inconscientes, preconceitos, julgamentos e emoções não ofusquem aquilo que é real.
Voltando à pergunta “como desenvolver clareza?”, acredito que as respostas estão nas práticas ancestrais de mais de 5 mil anos como a yoga e a meditação. Aliás, a palavra yoga que significa união. Talvez seja a união desta tecnologia ancestral que nos permite ver como coisas são com a tecnologia digital que nos permite responder de forma exponencial sejam as chaves para encarar os desafios do século 21.
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