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Comunicação Efetiva e Afetiva

Por Henrique Katahira

· Liderança,Integralidade

A grande maioria das pessoas que procura a Formação de Líderes Evolutivos da cuidadoria traz a comunicação como principal desafio de liderança. Pudera, pois nas últimas décadas, a tecnologia conectou as pessoas em uma grande rede, impulsionando a troca e compartilhamento de informações, criando desafios que não existiam. As equipes estão cada vez mais distribuídas e diversas com pessoas trabalhando em diferentes partes do globo, com diferenças etárias, geográficas, culturais, de idioma, de valores, etc.

Uma das maiores queixas que ouço de líderes é o tempo gasto respondendo emails e reuniões pouco produtivas. Quem nunca teve vontade de comprar aquela camiseta “Eu sobrevivi a mais uma reunião que deveria ter sido um email”?

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Comunicar-se de forma efetiva e, por que não afetiva parece ser a chave para uma boa liderança, pois é através dela que engajamos pessoas e transformamos sonhos, projetos e ideias em realidade. Vale frisar que o conceito de liderança que usamos aqui na cuidadoria não está relacionado a cargos de chefia, mas sim ao privilégio e a atitude de tocar e influenciar a vida de outras pessoas. Se a comunicação é a chave, que elementos ela precisa ter para que seja efetiva, gerando os resultados esperados e ao mesmo tempo afetiva, cuidando das relações? Por outro lado, que comportamentos trazem resultados desastrosos numa comunicação?

 

Respondendo à última pergunta, eu diria que os comportamentos mais danosos à comunicação são a falta de presença, a falta de empatia e falta de abertura à novas ideias. Analisando mais a fundo, a falta de presença leva à falta de conexão que leva à falta de empatia que, por sua vez, leva à falta de abertura à novas ideias. Ou seja, a presença é a chave da comunicação.

 

Voltando à primeira pergunta, estar presente nos ajuda a escutar as necessidades do receptor, perceber melhor o contexto, observar sensações do corpo, ter clareza das nossas próprias necessidades, da mensagem e qual o melhor canal de comunicação para cada situação. Práticas contemplativas como mindfulness, tai chi chuan e yoga são ferramentas extremamente úteis para desenvolver e praticar o estado de presença.

 

Outra ferramenta bastante útil para comunicar-se de forma efetiva e afetiva são os 4 níveis de escuta da Teoria U (metodologia de gestão de mudanças desenvolvida por Otto Scharmer, pesquisador do MIT). Segundo a Teoria U, existem 4 níveis de escuta:

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Primeiro nível: downloading

O primeiro nível de escuta se caracteriza por fingir que está ouvindo, respondendo de forma automática ou concordando sem prestar atenção. É aquela conversa de elevador, ou quando você inicia uma conversa com o motorista do Uber apenas por educação.

“Bom dia! Tudo bem? Como está o trânsito na cidade hoje depois da chuva?”

Segundo nível: escuta factível, abrindo a mente

No segundo nível, passamos a escutar os fatos, abrindo a mente para novas perspectivas, conectados com o momento presente e suspendendo a voz do julgamento. Neste momento, você pode fazer perguntas e prestar atenção nas respostas, selecionando aquilo que faz sentido para sua mente racional.

“Por que você desistiu da sua carreira anterior e resolveu trabalhar para Uber?”

Terceiro nível: escuta empática, abrindo o coração

Na escuta empática, passamos a escutar não somente com a mente mas também com o coração. É um tipo de escuta mais profunda que a anterior onde uma conexão é estabelecida e a pessoa que escuta se coloca no lugar da pessoa que fala.

“Deve ter sido difícil esta decisão, não?”

A maioria dos bons ouvintes conseguem chegar até aqui mas podemos aprofundar ao quarto nível a seguir.

Quarto nível: escuta generativa, abrindo a vontade

No quarto e último nível de escuta, suspendemos a voz do medo, prestando atenção nas possibilidades que podem ser geradas partir da conversa. Através de perguntas poderosas, podemos ajudá-lo a ampliar a percepção sobre o problema e ajudá-lo vislumbrar insights sobre o futuro que quer emergir.

“O que você pode fazer de diferente para mudar esta situação?”

Perguntas como estas ajudam a cocriar soluções, estimulando a criatividade, autonomia e protagonismo. É possível chegar no quarto nível de escuta tanto em conversas um a um quanto em reuniões facilitadas. Em ambas as situações, o líder facilitador deve assumir o papel de ouvinte, abrindo sua mente através da presença, seu coração através da empatia e sua vontade de ajudar por meio da conexão com a fonte, abrindo as possibilidades do futuro que quer emergir, sem se colocar no lugar de herói. Desta forma, você poderá se exercer sua liderança com uma comunicação que cria soluções criativas com efetividade e afeto.

Este tema será aprofundado na próxima turma da Formação de Líderes Evolutivos. Conheça a formação em https://www.cuidadoria.com/lideres-evolutivos