Uma das maiores aliadas da evolução da consciência humana é a tecnologia. Pode soar estranho no mundo de hoje com tanta tecnologia disponível e com tanta gente “inconsciente”, mas segundo a Teoria Integral de Ken Wilber, toda vez que a humanidade passa por uma grande revolução tecnológica, uma nova visão de mundo é compreendida e integrada, gerando um upgrade no nível de consciência.
A primeira grande revolução tecnológica aconteceu quando o ser humano descobriu a agricultura. Com o advento desta tecnologia, a humanidade deixou de se organizar em tribos com algumas dezenas ou centenas de indivíduos para se organizar em sociedades altamente complexas e hierarquizadas, com divisão de classes sociais como clero, militares, escravos e camponeses e conquistaram a estabilidade e a segurança. Para quem vivia em tribos baseados na caça e na coleta, estabilidade e segurança eram artigos de luxo. Com a estabilidade e o senso de pertencimento e grupo, o ser humano passou de uma visão egocêntrica (eu) para uma visão etnocêntrica (nós).
A segunda grande revolução tecnológica foi um pouco mais recente, com a Revolução Industrial que trouxe grandes avanços para a sociedade como o desenvolvimento da ciência, o aparecimento de grandes corporações e das repúblicas, a excelência nos processos, a qualidade na entrega, a meritocracia e a competitividade. O trabalhador comum pode agora começar como estagiário e subir a escada social, conquistando a sua necessidade de diferenciação e reconhecimento, o que não era permitido no paradigma anterior. A percepção de mundo se ampliou criando a visão mundiocêntrica.
Nos anos 60, o avanço da tecnologia aeroespacial gerou o que chamamos de overview effect — uma mudança cognitiva de consciência reportada por astronautas durante voos espaciais ao contemplar o planeta Terra. Essa mudança de consciência é decorrente da percepção de a humanidade é uma só, independente da cor da pele, credo ou gênero. Tal percepção permitiu o surgimento dos movimentos hippies, LGBT, anti-racismo, feminismo, etc. A humanidade passou então a ter uma visão multi-mundiocêntrica (todos nós).