Que imagens vêm à sua cabeça quando você escuta o termo team building?
Imagem: Google Image Search, palavra chave: Team Building
Para a maioria das pessoas, team buildings tem a ver com dinâmicas lúdicas ao ar livre ou esportes radicais com pouca ou nenhuma conexão com os desafios que a equipe enfrenta.
Como foram as suas experiências participando de team buildings?
Já participei de workshops excelentes mas alguns sentimentos que tive ao sair de team buildings corporativos foram:
- Frustração: sensação de tempo perdido por participar de uma atividade que poderia ser melhor aproveitada.
- Desconforto: atividades que colocam os participantes em situações embaraçosas, que pecam na segurança, não levam em consideração as diferentes capacidades físicas ou limites psicológicos dos participantes.
- Confusão: falta de clareza sobre os objetivos do evento e como as dinâmicas trabalhadas se conectam com os desafios do time.
Quando comecei a empreender na área de desenvolvimento humano e organizacional não acreditava que team buildings poderiam entregar algo que pudesse gerar valor para a empresa.
Apesar de não acreditar tanto no formato, havia demanda e nosso desafio foi desconstruir o team building da maneira como conhecíamos e desenvolver uma nova abordagem a partir das seguintes perguntas:
Como criar experiências de team buildings que estejam alinhados com a estratégia do negócio ao mesmo tempo que atenda as necessidades dos participantes?
Como criar um processo customizável levando em consideração as necessidades do negócio, contexto e clima organizacional, perfil dos participantes e resultados esperados?
Como desenhar experiências que sejam dinâmicas, instigantes, conectadas com os objetivos de aprendizagem que convidem os participantes a expor novas ideias, colaborar e aprender novos comportamentos com segurança psicológica?
Como criar experiências que utilizem não somente a razão mas que incluam emoções, intuição e sensações (REIS).
Como fazer com que os participantes adquiram novos comportamentos, habilidades e atitudes e consigam aplicá-los na vida real?
Como mensurar resultados e monitorá-los ao longo do tempo?
A partir destas perguntas, chegamos a um framework que norteia não só o design de team buildings mas de todos treinamentos e consultorias da cuidadoria.
A base da nossa abordagem são as 6 disciplinas (6Ds: As Seis Disciplinas que Transformam Educação em Resultados para o Negócio — Wick, Jefferson e Pollock — Évora, 2011). São elas:
- D1 — Definir os resultados para o negócios (Define Outcomes)
- D2 — Desenhar a experiência de aprendizagem completa (Design the Complete Experience)
- D3 — Entregar para aplicar (Deliver for Application)
- D4 — Acompanhar a transferência de aprendizado (Drive Learning Transfer)
- D5 — Avaliar resultados (Evaluate Results)
- D6 — Fazer melhorias sistematicamente (Improve Systematically)
As 6 disciplinas nos ajudam a entender os objetivos do negócios que serão alcançados com o team building como a melhoria no engajamento, diminuição do número de reclamações de clientes, aumento do número de leads, etc. A partir dos objetivos do negócio, mapeamos os novos comportamentos e atitudes que esperamos dos participantes, quais são os resultados esperados e como vamos medi-los. Em seguida, desenhamos a experiência de aprendizagem, entregamos, acompanhamos a transferência e medimos os resultados.
Como usamos as 6Ds
Nos últimos meses, fomos convidados a facilitar três workshops de team building para três empresas bem diferentes mas com desafios similares. A Caixa Econômica Federal (banco), Anglo American (indústria) e a Copastur (turismo) trouxeram necessidades comuns: desenvolvimento e integração de líderes, colaboração entre indivíduos e áreas, aumento do engajamento, confiança e responsabilidade dos colaboradores.
Para cada delas, dedicamos um bom tempo no briefing, escutando as necessidades, coletando dados sobre o momento em que a organização está passando, seu clima atual, resultados esperados para o negócios, métricas e indicadores e um mapeamento minucioso sobre o que os participantes vão realizar melhor ou de forma diferente após o workshop. Na minha opinião, a escuta ativa é a chave para o sucesso de qualquer intervenção.
Outro fator de sucesso é falar a mesma língua da organização. Para algumas empresas a palavra colaboração é um valor importante mas para outras a mesma palavra pode ter uma conotação de “politicagem”, por exemplo. Conhecer as distinções e o jargão da empresa ajuda a evitar problemas de comunicação e mal-entendidos.
Além disso, para cada uma delas desenhamos uma jornada customizada de aprendizagem combinando conteúdo curado especificamente para cada necessidade com ferramentas como Investigação Apreciativa, Estruturas Libertadoras, Art of Hosting, Teoria U e Liderança Facilitadora. Criamos as strings (encadeamento de dinâmicas) combinando atividades em pequenos grupos (duplas, trios ou quartetos) e conversas em roda para refletir sobre o aprendizado. Isso cria ritmo e faz com que o dia seja leve e produtivo ao mesmo tempo.
Todas as estruturas que utilizamos na facilitação dos workshops podem ser utilizadas — ou transferidas, como nos referimos nas 6Ds — pelos participantes no dia seguinte com um manual passo a passo que entregamos no final.
No final de cada workshop, coletamos um formulário de avaliação que reação que será utilizado para entender como foi a experiência e se os participantes se sentem motivados em compartilhar o aprendizado com seus times. Depois de alguns meses, conversamos novamente com o cliente para revisar as métricas de sucesso e vislumbrar pontos de melhorias ou reforço nos aprendizados.
Ao utilizar este framework, é possível criar team buildings e outras experiências de aprendizagem alinhadas com a estratégia, cultura e clima da organização com resultados mensuráveis e que sejam valiosas para os participantes.
Como seria para você participar de um team building com a abordagem da cuidadoria?
Que tal levar esta experiência para sua organização? Comente e marque um café conosco!