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PORQUE VOCÊ DEVERIA LARGAR O SEU PROPÓSITO? 

Por Henry Goldsmid

Converso com muitas pessoas vivendo o que não querem ser e produzindo o que não querem viver. Dentro de um ambiente que ainda incita competitividade e explora a escassez, não é difícil observar que tal comportamento nos leve ao presente cenário de crise sistêmica.

A força desse chamado interno é tão intenso, que nos jogamos em águas desconhecidas dispostos a desvendar aquilo que sentimos. A esperança é quase sempre a mesma: reconectar com os nossos desejos mais profundos de relevância no mundo. E, onde há demanda, há oferta.

Conto em minha timeline, apenas esse mês, mais de 10 cursos que ajudam a achar o seu propósito. Em breve, receio termos lambe-lambes pelas ruas dizendo “trago propósito amado em 3 dias”. Sinto que estamos mais uma vez à procura por gratificação imediata. Como diria o super Gustavo Tanaka, há algo grandioso acontecendo no mundo. Mas, será que estamos honrando os sentimentos que nos fizeram acordar para esta grandiosa virada? Tenho por mim, que estamos desconsiderando o mais importante elemento.

Apesar do caminhar ser lindo, a busca desequilibrada de propósito, machuca mais do que alivia. Não foi a toa que marketeamos a palavra que mais exemplifica essa dinâmica desprovida de presença; propósito é “colocar à frente”. Estamos viciados em saber como nos colocar à frente de tudo. Mais uma vez, a dinâmica se repete: “Eu indivíduo solitário, procuro uma resposta para sanar a minha dor individual”. De fato, é muito difícil entender que a dor sentida por mim é apenas uma interpretação reducionista da mente, que de uma perspectiva pontual, acredita que a dor é “sua” e, por isso, precisa ser tratada pelo indivíduo. A dor é coletiva e você, ser senciente, foi convocado para comunicar essa dor ao mundo.

A grande mudança não é para uma vida com propósito, pois dizer que você não tinha propósito, é afirmar que você não estava conectado à vida. A vida jamais existiria sem propósito. Na natureza, nada está à frente. Não há modelos de gratificação imediata e de reconhecimento externo. Existe apenas um propósito comum e coletivo: todos vivem a evolução incondicional. A intangibilidade desse objetivo comum é o que mantém o infinito potencial de criação ativo. A ordem é evoluir dentro de um ambiente interdependente e ser capaz de se adaptar às necessidade existentes. Para isso a natureza constrói um ambiente de desenvolvimento deliberado: ao viver em constante desenvolvimento com um objetivo comum, os seres e suas estruturas acabam evoluindo de forma orgânica para sua próxima fase de existência. Quando o propósito é evolutivo, não vemos seres enlouquecidos pela sua individualidade.

A grande transição refere-se ao senso de interdependência, de conexão e da autorresponsabilidade. Estamos sendo chamados intuitivamente para expressar a nossa verdade natural. Imagine resolver um problema com a capacidade de 7 bilhões de perspectivas diferentes. Esse é o chamado. A vida está apenas iniciando seu processo de evolução para o próximo estágio de sua existência. Você está tendo o prazer de ver, compreender e, acima de tudo, sentir em primeira mão a magnitude da (sua) suprema natureza.

O processo de autoconhecimento é indispensável mas, quando você achar o seu propósito, deixe-o ir.