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O Novo Salto da Liderança

Por Thianne Martins

“A maior angústia do século XXI será sobre relevância” Yuval Harari

 

Em nosso tempo, existe uma mudança fundamental que precisa acontecer naquilo que entendemos sobre o que é ser líder.


Fomos ensinados que líderes são aquelas pessoas que estão à frente, que chegam primeiro, que dão as respostas e que recebem o mérito ou a culpa pelas soluções que apresentam aos desafios das organizações e da vida.


Em nossas organizações, partimos com muita frequência destes pressupostos, colocando nas mãos dos líderes responsabilidades que reforçam comportamentos de comando, controle, centralização de informações e, que alimentam um círculo vicioso de reclamações e conversas de corredor sobre a ineficiência de processos ou falta de criatividade e inovação em muitas organizações.


Além disso, como membros de equipes desses mesmos líderes, mantemo-nos dependentes das respostas, das decisões e entregando o controle e muitas vezes o nosso próprio crescimento pessoal e profissional a um dito “sistema” que nós mesmos estimulamos que exista.


Mas algo grandioso está acontecendo em nosso mundo e há uma possibilidade de que o lugar deste líder, em breve, não exista mais. Isso não quer dizer que não precisemos de líderes, ao contrário. Precisamos de muitos líderes, pessoas com energia e foco para viabilizar ações que cuidam do mundo, que escolham a liderança como papel e não como cargo.


Em uma sociedade em rede, em que as questões são complexas, que envolvem uma diversidade de atores, ferramentas, stakeholders, não é possível que as melhores ideias e decisões venham de um pequeno grupo (ou um líder sozinho), reunido em alguma sala confidencial.


É hora de compreendermos que os líderes do século XXI precisam sair do topo da pirâmide e migrarem para a base. São pessoas curiosas, que vão até as bordas do sistema, que fazem perguntas para encontrar respostas junto daqueles que vivenciam os problemas, que estimulam soluções vindas das pessoas, que se utilizam de meios hábeis para que a colaboração seja prática no dia a dia organizacional e não algo visto como trabalho voluntário ou uma porção extra de boa vontade.


Em um mundo de problemas complexos, é preciso compreender que um maior número de interações e de diversidade de olhares sobre uma situação, traz maiores possibilidades de uma solução responsiva, positiva, realista e muitas vezes simples. E não respostas reativas, carregadas de urgência que só pressionam e não fazem o trabalho de identificar as causas que estão nas raízes.


Para endereçar questões complexas, precisamos convidar pessoas a participar e contribuir.


O líder que o mundo está pedindo compreende que todo ser humano (assim como ele mesmo) busca a felicidade e parte disso como pressuposto para oferecer o impulso necessário para que as pessoas cresçam, aprendam e sintam-se fazendo algo de realmente significativo. E que, mesmo que a tarefa que estejam fazendo não seja intrinsecamente significativa, ela contribui para um valor maior.


Eles não acreditam que as pessoas fazem apenas o que lhes é dito, mas provocam o pensamento crítico e a autonomia de forma responsável.


Os líderes do futuro que está emergindo sabem da importância de cuidar. E também sabem que cuidar não significa que ele está fazendo algo por alguém mais frágil do que ele. Ele cuida de fazer com que o melhor de cada um possa despontar, a porção mais adulta, madura, autorresponsável, criativa, realizadora, saudável, íntegra… humana! E isso vem de uma profunda crença nas possibilidades humanas e que estimular seu desenvolvimento estimula também o crescimento do próprio líder.


Este líder sai da sua posição de herói, de quem tem todas as respostas, para anfitriar. Ele pode tranquilamente dizer que não sabe tudo e fazer convites inteligentes ao seu grupo de colaboradores.


E paradoxalmente, o líder anfitrião, que não quer ser herói, que não se preocupa com a sua visibilidade ou seu cargo ou com oferecer respostas, é o líder mais necessário, lembrado e reconhecido em sua relevância e não somente por uma posição. Ele abandona a competição para colaborar. E gera valor que vai muito além do tangível, dos números. Ele gera valor intangível — aprendizado, rede, soluções, conhecimento, colaboração, reputação.


Aliás, relevância, como diz o historiador Yuval Harari, será “a maior angústia do século XXI”. Em um cenário em que a tecnologia permite que todos apareçam, exponham suas opiniões, energizem movimentos, parece que todos são líderes de alguma coisa. Enquanto tantos se “acotovelam” tentando encontrar um espaço para serem importantes, paradoxalmente, o líder anfitrião tem relevância real.


E você, qual é a sua percepção sobre o papel do líder no mundo atual?

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