A linguagem é o nosso mapa e a nossa bússola - através dela, navegamos na complexidade das relações humanas. Mas será que estamos nos entendendo?
Ir mais fundo, além das aparências e da superficialidade na discussão sobre segurança psicológica me incomodo muito ao escutar que precisamos “implantar a segurança psicológica”. Jogar a luz na importância da linguagem e a particularidade da subjetividade em diferentes contextos organizacionais me parece considerável, assim como abordar como a comunicação é a chave para decifrar e atender às necessidades psicológicas variadas de diferentes ambientes de trabalho.
Venho com algumas provocações.
Você já pensou que segurança psicológica pode ser uma questão deperspectiva?
Não é possível tratar esse tema na superficialidade porque estamos falando da unicidade da experiência individual dentro do contexto coletivo.
O que é um porto seguro para um, pode ser mar aberto para outro. A segurança psicológica não é um tamanho único que serve para todos.
O pensador e Psicanalista Jorge Forbes fala no plural: seguranças psicológicas. Sim, culturas diferentes, pessoas diferentes, seguranças psicológicas diferentes. Jorge Forbes lembra: “a subjetividade importa”.
Pensa comigo: No seu trabalho, você se sente seguro para ser autêntico?
Como medir a temperatura de um sentimento tão subjetivo como a segurança psicológica?
Será que é possível criar um ambiente seguro para todos, respeitando a individualidade?
Cuidar da segurança psicológica é cuidar das pessoas. É ouvir, criar e cultivar um
espaço onde cada voz conta.
Já sabemos que não se trata de um software instalável, de um algoritmo programável, mas de experiências a serem vividas pelas pessoas e cada organização e time são únicos e têm suas particularidades, sua cultura e micro cultura.
Em uma startup de tecnologia, “falhar rápido e falhar frequentemente” é um mantra de inovação. Mas essa mesma frase pode gerar ansiedade em uma linha de montagem, onde a precisão é a medida de segurança.
Palavras constroem realidades! “Feedback” pode ser um presente num ambiente, e uma ameaça em outro. Como sua organização fala sobre erros, aprendizado e crescimento?
E se a segurança psicológica for o reflexo da linguagem que ressoa nos corredores da sua empresa? Uma linguagem que se molda, que aprende com o silêncio tanto quanto com as palavras.
Criar segurança psicológica é mais do que estabelecer políticas; é entender o idioma emocional de cada equipe. Você conhece o idioma da sua?
Num mundo onde “agilidade” e “resiliência” são palavras de ordem, como garantir que não se percam as nuances da experiência humana?
No final do dia, segurança psicológica é sobre pertencer, ser ouvido e valorizado. Em que idioma sua organização está conversando com você? E mais importante, você sente que pode responder na sua própria língua?
Sua organização está pronta para essa jornada individual-coletiva?
Como começar isso?
Eu acredito que, começar significaria encontrar formas de escuta, de valorizar a subjetividade e reconhecer que não há uma fórmula exata para a segurança psicológica, mas sim um espectro de possibilidades que devem ser exploradas e respeitadas.
Ao fazer perguntas abertas e encorajar a reflexão e o diálogo dentro dos times, você incentiva o engajamento e promove um ambiente mais inclusivo e, talvez, mais seguro para todos.
- O que segurança psicológica significa para você?
- Como as palavras moldam sua sensação de segurança no trabalho?
A linguagem, tanto em sua forma falada quanto não verbal, impacta diretamente a percepção de segurança psicológica. Ao destacar a unicidade de cada experiência humana dentro o contexto coletivo, a singularidade de cada cultura organizacional e a necessidade de uma comunicação que esteja alinhada com as especificidades de cada contexto, nos resta convidar a pensar em como a
linguagem pode ser utilizada para fomentar um ambiente psicologicamente seguro e inclusivo.