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Liderança Adaptativa em Tempos de Incerteza: Como Navegar em um Mundo Complexo

por Henrique Katahira e Patrizia Bittencourt

Quando paramos para refletir sobre as mudanças sócio-político-tecno-econômicas dos últimos anos, percebemos que a única constante é a mudança. Ela é rápida, ambígua e imprevisível, exigindo que líderes e gestores desenvolvam novas habilidades e competências para navegar por esses desafios.

Costumo comparar o cenário atual a um navio explorando mares nunca antes navegados. Precisamos mobilizar e engajar pessoas, cuidar da moral, distribuir autonomia e manter os tripulantes conectados com o objetivo da expedição, enquanto enfrentamos tempestades e imprevistos, tanto externos quanto internos, todos os dias.

Nesse cenário complexo, como lidar com as constantes mudanças (ou como liderar as mudanças que queremos ver no mundo)?

A liderança exige que os líderes não apenas compreendam o sistema em que operam, mas também reflitam sobre suas próprias atitudes e comportamentos no processo de mudança constante. Essa habilidade de auto-reflexão e análise sistêmica simultânea é crucial para que os líderes possam observar, interpretar e agir de maneira eficaz em grupos, organizações e comunidades.

E para compreender o sistema, uma forma simples de fazer isso é considerar que existem dois tipos de mudanças: técnicas e adaptativas. Mudanças técnicas são problemas com soluções claras, como consertar a vela do navio. Elas geralmente têm uma solução mecânica ou técnica que um profissional especializado pode resolver. Mudanças adaptativas, por outro lado, são mais complexas e exigem novas formas de pensar e agir, como manter a tripulação segura e motivada durante uma tempestade.

A maioria dos problemas acontece quando tentamos resolver problemas adaptativos com soluções técnicas. Daí o resultado não sai conforme o esperado.

Como Identificar uma Mudança Adaptativa?

  • Complexidade: Se a mudança é complexa e não tem uma solução clara, provavelmente é adaptativa.
  • Envolvimento Emocional: Se a mudança envolve emoções e valores das pessoas, é um sinal de que é adaptativa.
  • Necessidade de Aprendizado: Se a solução exige que você e sua equipe aprendam e se adaptem, é uma mudança adaptativa.

Ocorre que uma enorme parte da nossa rotina inclui olhar para soluções técnicas e adaptativas simultaneamente a partir de um contexto específico. E “fazer a leitura do contexto” e de toda a complexidade nos exige aprender o tempo certo para agir, reagir ou responder (timing).

Abordando Mudanças Adaptativas

Segundo Ronald Heifetz e Marty Linsky, autores do livro “The Practice of Adaptive Leadership”, a liderança adaptativa é apoiada em quatro princípios:

  • Inteligência Emocional: A habilidade de reconhecer seus próprios sentimentos e os das outras pessoas. Com essa consciência, o líder adaptativo consegue construir confiança e nutrir relacionamentos de qualidade.
  • Justiça Organizacional: Promover uma cultura de integridade. Líderes adaptativos sabem quais políticas introduzir para o bem da organização e como fazê-lo de maneira que as pessoas aceitem e se sintam valorizadas.
  • Desenvolvimento: Aprender a aprender coisas novas. Se uma técnica não estiver produzindo os resultados desejados, um líder adaptativo busca novas estratégias. Isso promove o crescimento e desenvolvimento de colaboradores e da empresa.
  • Caráter: Ter um profundo senso de caráter, ser transparente e criativo. Líderes adaptativos podem nem sempre estar certos, mas conquistam o respeito de seus colegas e praticam o que recomendam.

Para ser um líder adaptativo, é preciso apontar o farol para dentro e desenvolver habilidades interiores como inteligência emocional, presença, empatia, visão sistêmica, vulnerabilidade, flexibilidade, adaptabilidade e abertura à diversidade. Quem sou eu nesse contexto? Vou aprofundar essas habilidades interiores (ou Inner Skills) e os IDGs (Inner Development Goals) nos próximos artigos.

Ferramentas Práticas para a Liderança Adaptativa

Além disso, o líder adaptativo pode contar com uma caixa de ferramentas diversificada para enfrentar os desafios complexos do mundo atual:

  • Facilitação de Processos e Diálogos: Técnicas para conduzir reuniões e conversas de maneira eficaz, promovendo a participação ativa e a colaboração entre os membros da equipe.
  • Design Thinking: Uma abordagem centrada no ser humano para a inovação, que envolve entender profundamente os problemas dos usuários e criar soluções criativas e práticas.
  • Investigação Apreciativa: Uma metodologia que foca nas forças e sucessos da organização para inspirar mudanças positivas, ao invés de se concentrar nos problemas e deficiências.
  • Métodos Ágeis: Práticas de gestão de projetos que enfatizam a flexibilidade, a colaboração e a entrega contínua de valor, permitindo que as equipes se adaptem rapidamente às mudanças.
  • Dragon Dreaming: Uma metodologia de planejamento de projetos que integra sonhos pessoais e coletivos, promovendo a sustentabilidade e a cooperação em todas as etapas do projeto.
  • Teoria U: Um processo de mudança profunda que ajuda líderes e equipes a acessar sua sabedoria interior e cocriar soluções inovadoras a partir de um espaço de presença e conexão.

Essas ferramentas permitem que líderes e equipes ouçam, aprendam e cocriem soluções para os problemas complexos que o mundo enfrenta hoje.

Seja um líder adaptativo

Se você se identificou com o conceito de liderança adaptativa e quer aprender mais sobre essa abordagem e conhecer ferramentas, clique no link a seguir e conheça o mini curso “Farol: Liderança Evolutiva e Gestão de Pessoas para Tempos de Incerteza”. Transforme sua liderança e prepare sua equipe para o futuro!

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