As organizações estão doentes. Grandes corporações se tornaram meramente símbolos de letras e números negociados na bolsa de valores com preços que oscilam pra cima e pra baixo de acordo com o humor do mercado. Os acionistas querem comprar na baixa, vender na alta e receber dividendos. Não importa se a empresa vende serviços, carne, petróleo ou carros. Escândalos, desrespeito ao cliente e corrupção são comuns nesse meio. Aliás, isso gera oscilações nos preços das ações que geram oportunidades e alimentam as corretoras e o sistema financeiro.
E as pessoas que nelas trabalham passam por crises cada vez maiores de falta de significado no trabalho e falta de alinhamento com seus valores. Quando recebemos uma proposta de trabalho, visitamos o site da empresa e vemos uma página institucional linda descrevendo sua Missão, Visão e Valores. Sentimos motivados a trabalhar e identificados com o propósito da organização mas, depois de um tempo, quase todas as empresas de capital aberto parecem assim:
Missão: Distribuir lucro aos acionistas.
Visão: Sendo atraente no mercado de capitais.
Valores: A qualquer custo.
Estamos vivendo uma era de transição de sistemas econômicos. Daqui a 100 anos, os livros de história talvez contarão que 2017 foi o auge da revolução XYZ (a Revolução Industrial foi nomeada somente 100 anos depois que ela aconteceu). Cada vez mais vejo pessoas querendo mudar as empresas em que trabalham, tentando iniciar uma revolução silenciosa de dentro pra fora. São líderes que conseguem enxergar as organizações sob outra lente. Sob a lente da confiança, da gestão participativa, da inclusão, da diversidade, da abundância, da colaboração, da empatia e do propósito. Mas enxergar apenas, não basta. É preciso desenvolver novas habilidades que não aprendemos na faculdade.
Algumas habilidades que considero importantes para o líder nesse novo contexto são:
Comunicação Autêntica: Comunicar-se de forma autêntica, criando ambientes acolhedores que estimulem confiança, colaboração, empatia e feedbacks construtivos.
Liderança facilitadora: Fazer a resposta emergir da sabedoria coletiva em vez de dar respostas prontas.
Liderança multidirecional: Desenvolver a capacidade de se autoliderar, liderar seus pares, subordinados, clientes, fornecedores e até mesmo o seu chefe.
Confiança e autonomia: Abandonar o comando e controle e dar autonomia, estimulando a autoliderança em cada um dos membros da sua equipe. Romper com o paradigma de que a organização é uma máquina, mas um organismo vivo.
Visão sistêmica: Ter visão do todo e de como as partes interagem entre si é importante para entender como a organização, time ou projeto operam e assim, promover ações que modifiquem o sistema sob esta nova lente.