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AS 3 LEIS SISTÊMICAS  EM ORGANIZAÇÕES HORIZONTAIS

Por Henrique Katahira

Segundo o criador das Constelações Sistêmicas Familiares, o filósofo e psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, existem 3 leis que exercem papel fundamental na manutenção e equilíbrio de sistemas de relacionamento humano. As 3 Leis Sistêmicas, também conhecidas como “Ordens do Relacionamento Humano”, são: Pertencimento, Ordem e Equilíbrio

Lei do Pertencimento:

Pertencer à nossa família é uma necessidade básica. Este vínculo é um desejo mais profundo. A necessidade de pertencer a ela vai além até mesmo da nossa necessidade de sobreviver. Isto significa que estamos dispostos a sacrificar e entregar nossa vida pela necessidade de pertencer a ela.

Lei da Ordem:

O ser é estruturado pelo tempo. O ser é definido pelo tempo e através dele, recebe seu posicionamento. Quem entrou antes em um sistema tem precedência sobre quem entrou depois. Sempre que acontece um desenvolvimento trágico em uma família, uma pessoa violou a hierarquia do tempo.

Lei do Equilíbrio:

O que dá e o que recebe conhecem a paz se o dar e o receber forem equivalentes. Nós sentimos credores quando damos algo a alguém e devedores quando recebemos. O equilíbrio entre débito e crédito é fundamental nos relacionamentos.

O primeiro sistema que temos contato é o familiar e dele se deriva todos os outros que podem ter formas distintas como associações, coletivos e até mesmo empresas.

Em empresas tradicionais como a Toyota, por exemplo, é possível perceber que as três leis são respeitadas, conscientemente ou não, garantindo sua sobrevivência por várias décadas. Existe a figura do fundador e uma hierarquia rígida (Lei da Ordem), os funcionários que dela fazem parte têm vínculo empregatício (Lei do Pertencimento) e existe equilíbrio no dar e no receber ao remunerar seus funcionários com um salário pré-acordado no contrato de trabalho (Lei do Equilíbrio). Apesar de existirem pequenos conflitos, o sistema trabalha de forma consistente e tem como principal característica, a clareza nas regras.

Quando falamos de organizações horizontais (ou autogeridas), o maior desafio é aplicar as três leis em sistemas com gestão distribuída e decisões participativas, onde muitas vezes não existem vínculos empregatícios e os acordos, quando existem, não são claros.

Tenho observado e participado de muitos sistemas como coletivos e empresas livres e comecei a perceber que aqueles que fracassaram violaram uma ou mais leis sistêmicas.

Quando não há acordos claros ou quando a comunicação não é fluida e acabamos deixando de incluir alguém em um projeto ou email violamos a Lei do Pertencimento, causando muita dor naquele que se sentiu excluído.

Ao contrário do que se pensa, hierarquias existem em organizações horizontais. São as chamadas hierarquias naturais que são estabelecidas através de parâmetros como idade, conhecimento técnico, reputação, tempo de casa ou outros critérios que são muito mais sutis que um cargo fixo no organograma. Quando não observamos as hierarquias ou ordens naturais e deixamos de honrar os “mais velhos”, violamos a Lei da Ordem.

Quando não há uma política bem definida de remuneração, distribuição de lucro, acordos de dedicação de tempo ao grupo e expectativas alinhadas é muito fácil cair no desequilíbro do dar e do receber, violando a Lei do Equilíbrio. Ao meu ver, este é um dos pontos mais delicados quando falamos de organizações horizontais pois exige um alto grau de maturidade, afinal não estamos acostumados a falar abertamente de dinheiro, reconhecer o valor das pessoas e de si próprio.

Ter consciência disso já é um bom começo. Na cuidadoria, estamos sempre nos questionamos se estamos respeitando as leis da Ordem, Pertencimento e Equilíbrio. E quando estamos diante de um conflito de difícil solução, recorrermos a consteladores, profissionais habilitados que conseguem revelar o que está por trás do invisível e podem nos ajudar a visualizar padrões ou leis que estão sendo violadas.

Caso você tenha alguma experiência na aplicação das 3 leis sistêmicas em sua organização, deixe seu comentário!