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A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM PARA COMUNICAR SUA INICIATIVA— UMA PONTE ENTRE REALIDADES

Por Henrique Katahira

Quando resolvi fazer minha transição de carreira do mundo corporativo para empreender, dei um salto de fé e fui buscar referências em um mundo completamente diferente do que eu conhecia. Estudar yoga, massagem, meditação, permacultura, design de comunidades sustentáveis, gift economy, ecovilas e me joguei de cabeça em projetos colaborativos.

Essas experiências me fizeram tomar contato com uma realidade paralela, um mundo à parte da Matrix que vivia. Nessa interação com novos campos de conhecimento, surge um novo vocabulário — gratidão, Universo, fluxo, energia, abundância — que vai incorporando na nossa forma de falar e pensar.

Surgiu então aquela necessidade pessoal de expressar o novo, de empreender e viver aquilo que amo. Depois de muitos cursos, workshops, vivências, coaching, retiros e meditação, passei por várias experimentações até chegar no plano infalível: pegar meus talentos e minha experiência do corporativo, juntar com os novos conhecimentos, associar-me com as pessoas certas, criar um produto incrível e sair vendendo para o mundo. Tinha tudo pra dar certo. Só que não. Muitas vezes, o mercado que pode pagar pelos nossos serviços não fala a nossa nova língua e terminamos frustrados.

A futurista Lala Deheinzelin costuma contar uma anedota para ilustrar essa dificuldade que é mais ou menos assim:

Há muito tempo atrás, num multiverso longínquo havia a Planolândia.
A Planolândia era um lugar onde só existiam 2 dimensões. Largura e profundidade. Todos os planolandenses eram formas geométricas como quadrados, triângulos e circunferências.
Certa vez, um planolandense chamado Triângulo foi levado por um ser da terceira dimensão para fora do plano. Triângulo conheceu a dimensão da altura e, pela primeira vez, conseguiu enxergar o todo lá do alto. Descobriu relações de causa e efeito e interdependência. Descobriu que seu amigo Quadrado, na verdade é uma pirâmide e que visto de lado é triangular como ele. Ele entendeu que o mundo 2D que ele conhecia é limitado e chato (literalmente) e que a terceira dimensão é muito mais legal e cria infinitas possibilidades.
Daí, Triângulo voltou para a Planolândia, encontrou seu amigo Quadrado e disse:
_ Quadrado do céu! Tu não imaginas! Fui levado lá pra... (gesticulando) e aí vi um monte de… que é incrível. Você, na verdade é uma… que visto de lado é um triângulo igual a mim!
Então, Quadrado responde: Triângulo, ficou louco? Você andou bebendo o quê?

É isso que acontece quando nos transportamos para fora de realidade que estamos acostumados. Enxergamos um mundo novo, cheio de possibilidades, com planos para salvar o mundo mas quando chegamos para contar as novidades, nos faltam palavras. Ou usamos conceitos que não fazem o menor sentindo para quem queremos vender.

Depois de 3 anos de empreendedorismo, me dei conta que uma das habilidades mais preciosas do empreendedor é a capacidade de criar linguagem para traduzir mundos e realidades para o público que queremos impactar. De nada adianta uma ideia genial com novos conceitos se você não consegue comunicar com seu público.

A construção da linguagem porém, não acontece de uma hora para outra. É um processo experimentação contínua que talvez nunca acabe pois vivemos numa realidade líquida que muda rapidamente, ao mesmo tempo que mudamos nossas referências ao longo nossa evolução. Não existe uma receita pronta para isso mas estar ciente de que a linguagem é uma ponte para conversar com bolhas de realidades diferentes é um bom começo.

Outra dica é treinar bastante e falar o que você faz ou no que acredita para o maior número de pessoas.

Geralmente quem está em transição de carreira tem medo daquela pergunta “o que você faz?”. Quanto mais falamos, mais aprendemos sobre que palavras usar e como construir a melhor linguagem para o público que você está falando. Quando você conseguir explicar para sua mãe o que você faz, poderá se sentir um mestre na tradução de mundos.

Um dos autores que melhor traduz dois mundos que transito é Frederic Laloux, autor do livro “Reinventando as Organizações”. Foi esta obra que me fez perceber a importância da linguagem pois ele consegue a ponte do “novo” para o “velho” de uma forma objetiva e inspiradora.

Você conhece algum outro autor ou autora que faz bem esse tipo de tradução de linguagem entre mundos? Comente aí embaixo.

Para quem não conhece o livro “Reinventando as Organizações” aqui vão o links:

Versão impressa no site da editora voo:

https://editoravoo.com.br/produto/reinventando-as-organizacoes/

Ou compre o PDF do livro pagando o quanto você acha que vale no site da cuidadoria:

http://www.cuidadoria.com/reinventando-as-organizacoes