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O LÍDER DELICADO

Por Thianne Martins

Chegou a hora de uma liderança natural… uma liderança delicada.

O conceito de líder mudou. E é daqui que quero partir para o que vem em seguida. Talvez, em algum momento, precisemos criar um novo termo ou um novo significado para “líder”, mais adequado ao mundo em que vivemos atualmente.

Quando se pensa em líder, logo se visualiza aquele que está à frente, o que vence, o mais forte…

Não é mais assim. Estejam certos disso! O líder que conhecemos já teve seu tempo e deu sua imensa contribuição para o desenvolvimento das inúmeras coisas das quais usufruímos em nosso cotidiano.

Mas chegou a hora de trocar o chip, instalar a versão atualizada. Está na hora de se reinventar!

Depois de tudo que geramos (de positivo e negativo), dentro de uma visão de utilização de recursos e maximização de resultados, é chegado o momento de parar e permitir uma reflexão:

A serviço de que chegamos onde chegamos? A serviço de que tanta competição? A serviço de que ganhar à custa de que outros percam? No final das contas, enquanto houver perdedores, todos estamos perdendo. E aqui, não falo só da humanidade, mas de cada ser existente em nosso planeta.

E não é preciso ir longe para comprovar que isso não é natural. Observe qualquer jardim perto da sua casa e perceba como tudo é orquestrado, em um sistema que otimiza os recursos e permite que todos seres que vivem ali cresçam e floresçam em todo o seu potencial! Se isso não acontece, é porque há um desequilíbrio… e logo o sistema busca se reequilibrar, com a colaboração de todos os envolvidos.

As plantas se expressam em beleza pelas suas flores e frutos, para que os insetos e pássaros se alimentem, ao mesmo tempo que polinizam. A flor não enxerga suas próprias cores. As cores estão lá seduzindo os polinizadores.

Cada um manifestando, de forma integrada, perceptiva, no momento certo, o seu maior talento!

Chegou a hora de uma liderança natural… uma liderança delicada.

Delicadeza que carrega em si a força de ser o seu melhor, aliada à convicção de que, para que isso aconteça, todo o sistema também precisa estar apto a ser o seu melhor e que cada elemento do sistema precisa estar inteiro, precisa de fato ser quem ele é!

Liderança delicada parte da escuta profunda, de si e do outro e pelo entendimento de que mudanças radicais não são drásticas, agressivas. Radical vem de raiz e para se mexer nas raízes, é preciso muita delicadeza.

O líder delicado amplia e aprofunda a percepção, do seu mundo interno e do mundo do outro, aprendendo com a empatia, enxergando o que está além da personalidade — pois personalidade é máscara — e vendo a essência.

E aprende a conversar com a essência e a partir dela — de essência para essência, de humano para humano, de ser para ser.

O líder delicado não tem medo da palavra espiritualidade e muito menos do que ela representa, pois uma liderança evolutiva, integral, é capaz de acolher o que está além do certo e do errado.

Tem muitos desses líderes circulando por aí… são tão delicados que muita gente não vê, mas estão fazendo uma revolução a partir do silêncio.

E eu não estou falando de líderes espirituais, gurus. Estou falando de gente comum, que simplesmente percebeu que competir e maximizar não faz mais sentido.

Eles fazem muitas coisas, estudam e se aprofundam para gerar mudanças significativas em seus ambientes de trabalho e fora deles, valorizam relações de confiança, estão a serviço de algo que toca suas almas e a de muitos. São cozinheiros, anfitriões, agricultores, educadores, pessoas de negócio, engenheiros, cuidadores…

Eles estão aí, colaborando, gerando impacto positivo no mundo, alcançando o que parecia impossível, enquanto a competição continua perseguindo o inatingível.

Por terem a colaboração como mecanismo, criam formas distribuídas de liderança, baseiam-se nas relações utilizando ferramentas para criar os ambientes em que a confiança esteja presente e permeada nos processos. Aprendem a se comunicar de forma empática, pela compreensão de que a comunicação é o grande ativador da colaboração e a prosperidade vem pelo fluxo justo e acessível dos recursos.

Este é o líder que o mundo pede. Um líder cujas principais habilidades não residem em comandar, planejar, controlar, mas em ouvir, em adaptar-se a todo momento, em comunicar-se de forma autêntica e sem julgamento, em responder ao invés de reagir, em usufruir do silêncio como ferramenta para uma mente mais clara, em ser anfitrião, ser curioso, um facilitador para que a sabedoria coletiva apareça e seja colocada a favor de resultados que vão muito além do espectro do dinheiro (que é escasso), mas daquilo que se multiplica exponencialmente, como o conhecimento e que pode realmente causar impactos positivos e sistêmicos.